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quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Belo texto

Vou tomar a liberdade de reproduzir abaixo o texto de um conterrâneo, o agrônomo Marcelo Dresher, que escreve semanalmente no Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, minha terra natal, e que já conquistou diversos fãs aqui na empresa. Com um vocabulário rico e um dom incomparável dá aos seus leitores o raro privilégio de uma boa leitura. Mal comparando, a Marta Medeiros dos homens. hehehe. Digo isso porque mulheres das minhas relações adoram aquela coluna semanal de ZH. Eu vou me abster de comentar. Fico com a do Marcelo.


Coisas de bar

“O casamento se consagra com a liberdade de soltar puns pela casa”

Dia desses, conversa entre amigos, no vibrante palco de um bar: “Sabe, eu penso que o casamento se consagra quando a gente conquista a liberdade de soltar puns pela casa”, falou um conhecido piloto local. “Também acho”, concordaram dois deles. “A coisa é meio complicada”, discordou outro. “Complicado nada. Todo mundo precisa disso. Então, devemos soltar na medida das necessidades”, simplificou o defensor da idéia de que o casamento se consolida através da partilha dos gases. “E, de mais a mais, mulher também...”.“Com certeza”, intercedeu o renitente. “Todavia, você há de convir comigo que anatomia, por exemplo, é uma coisa que todo mundo possui, mas que fica muito melhor nas mulheres. Assim, penso que não devamos nos arriscar a partilhar tais momentos, pois corremos o risco de verificar que até na excrescência somos seres por demais rudes”. “Agora você pegou pesado.. Quer acabar com a conversa, diz logo!”, exclamou um deles. “Costume de advogado, sempre filosofando”, falou outro. “Não se trata de filosofia, mas sim de uma rude constatação”, reiniciou o bacharel. “Somos sim, seres grotescos. Para seguir no raciocínio imposto, vocês já perceberam como elas são bem mais discretas que nós quando se trata de emanar gases interiores? Vocês as vêem explodindo por aí? Já as viram levantar a perna ou sequer franzir a cara naquele instante? É claro que não!”. “Tudo bem. Com isso tenho que concordar. Mas é que nós somos seres mais expansivos”, observou o gordo. “Expansivos nada, porcos mesmo”, afirmou alguém. “Para acabar definitivamente com essa lengalenga”, proclamou o experiente e hilário médico com um copo na mão, “vou lhes dizer que o pum é resultado do processo peristáltico que ocorre logo depois de nos alimentarmos, fato que cria uma zona de alta pressão e força todos os componentes no tubo digestivo, inclusive o gás, para a zona de menor aperto que é o exterior do corpo. Nesse processo as pequenas bolhas de gás coalescem para formar bolhas maiores em direção à saída”. “Em síntese, é inevitável?”, perguntou um deles.. “Sim”, respondeu o médico. “Cara, vou fazer um churrasco lá em casa, te convido, e você, como quem não quer nada, solta essa explicação na frente da minha esposa, pois se eu disser, ela não acredita”..Repentinamente, todos se entreolham com ar acusatório. Alguém havia “coalescido bolhas de gases”, com requintes de crueldade. Em meio ao terrível fedor, primeiro acusaram o gordo, que não pôde se defender, já que prendia a respiração. Depois foi a vez do médico, que se desvencilhou. A seguir, olharam para o advogado, que ameaçou processar quem o acusasse. A mim, não deu tempo, pois disparava em direção da porta, ainda a tempo de ver o piloto esfregando a barriga e dizendo: “Desculpem, senhores passageiros, foi uma inesperada perda de pressão na cabine”. Marcelo Drescher (marcelodrescher@gmail.com)

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Coisa séria!

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